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Pode ser satisfatória uma Medicina que pragmaticamente desconhece a índole pessoal da realidade sobre a qual atua?
Pedro Laín-Entralgo (Antropologia Médica)
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Entrelinhas |
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Clínica São Vicente
por Luiz Roberto Londres
No início da década de 30, o médico cardiologista Genival Londres observou que seus pacientes de baixa renda atendido em hospitais públicos apresentavam evolução melhor que os pacientes particulares que se tratavam em suas residências. Esse foi o principal motivo para a criação de uma clínica de repouso. Associou-se a um psiquiatra, Aluízio Marques e juntos inauguraram em 1933, na esquina das ruas Marquês de São Vicente e Adolfo Lutz a Clínica de Repouso São Vicente. Com o sucesso da instituição planejaram a construção de um local especialmente preparado para pacientes de longa permanência. Junto com outro médico, João Borges Filho, fundaram em 1942 uma empresa destinada a esse fim. As novas instalações foram inauguradas no dia 12 de novembro de 1949 em cerimônia que contou com a presença do Prefeito da Cidade, Ângelo Mendes de Morais e do presidente da república Eurico Gaspar Dutra e de diversos colegas e personalidades. Desde essa data ocupou lugar de destaque no Rio de Janeiro acolhendo figuras importantes e se tornando o local predileto de artistas. Lá estava internado o Presidente João Café Filho quando foi deposto em 1954, lá Vinícius de Morais escrevia algumas de suas letras famosas, por lá passavam Dorival Caimmy, Grande Otelo, Baden Powell, Ellis Regina e tantos outros, quase todos clientes de Clementino Fraga Filho. Em 1970 tornou-se um hospital geral acolhendo instantaneamente os melhores cirurgiões do Rio de Janeiro: Fernando Paulino, Antonio Luiz Medina, Ivan Lemgruber, Paulo Albuquerque, Geraldo Terreri, Gabriel Gonzalez, Carlos Giesta, Jesse Teixeira e Urbano Fabrini. Era uma constelação. Entre as especialidades clínicas Edmundo Blundi, Cincinato Magalhães de Freitas, Sérgio Novis, Stanislaw Kaplan. Em 1972 Fernando Paulino e outros criam o Centro de Estudos e Pesquisas Genival Londres, entidade que visava incrementar a vertente didática e científica da Clínica São Vicente. A criação do Centro de Estudos foi responsável pela marca especial que até hoje faz da Clínica São Vicente um hospital absolutamente diferenciado. Mais do que atrair médicos com grande clientela ela tornou-se o pólo de atração de médicos que não se contentam com a prática assistencial mas que publicam trabalhos científicos e disseminam conhecimentos. O congresso anual sempre em novembro reunia 1500 participantes sendo o maior congresso hospitalar do Brasil reunindo personalidades médicas de todo o país e internacionais. O investimento no constante aprimoramento fez com que a Clínica São Vicente se tornasse o primeiro hospital das Américas a ser inteiramente certificado pela ISO 9002 e a receber o prêmio Belmiro Siqueira de administração. Foi ainda a pioneira em nosso meio a propor uma nova ambientação que se tornou um marco e um parâmetro a ser seguido. E em todas as pesquisas sempre foi considerada a número 1 com especial ênfase em seus setores críticos: Unidade de Tratamento Intensivo, Setor de Emergência e Centro Cirúrgico. O fato de estar localizada na Gávea é um grande diferencial. Cercada pela mata atlântica situada em um micro-clima privilegiado sempre fez questão de tirar partido de seu meio ambiente. Há alguns anos os responsáveis pela sua administração começaram a preparar a instituição para os novos tempos que irão mudar de maneira profunda o atendimento hospitalar. A modernização de seu estilo gerencial e o estabelecimento de parcerias para a formação de serviços e forças tarefas ocupa o centro de seu planejamento estratégico. O hospital do futuro, e de um futuro próximo, não terá a cara da Clínica São Vicente de hoje mas a Clínica São Vicente já plantou as sementes para ser a cara desse hospital do futuro.
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